Composições e a 'Música' dentro do romance.

Por Astro Miau

Mesclar música na história. Gosto de trabalhar nesta linha, de acordo com a história. Poder achar um ponto de junção onde a ação da personagem é acompanhada de "trilha sonora".

A personagem cantar, ou uma música preencher o cenário, tocada por musicos ou vinda de rádios ou etc.

Acontece que, qual será a melhor forma de introduzir uma canção no texto? Abrir aspas e colocar o trecho, ou marcar em negrito, itálico ou tudo junto. Talvez embaralhar a música na ação que ocorre, sem dar aviso. Eu procuro a fórmula certa para equilibrar.

Outro ponto.

Compor, a letra e/ou a melodia. (Melodia para quê? Para a letra). Usar algo que já existe e pisar em ovos para não cometer um crime para com o artista musical?

As inovações que podem ser feitas.

Por José Geraldo Gouvea

Estou com uma ideia maluca: usar versos das canções de um artista conhecido para alinhavar uma narrativa inusitada. Por exemplo: usar letras de Roberto Carlos para narrar um terror gótico. Os versos inteiros seriam espargidos ao longo do texto, as frases adjacentes seguiriam imperceptivelmente o ritmo dos versos. Isso exigiria do leitor certo ouvido musical. Lendo em voz alta ele subitamente se daria conta de estar declamando.

Eu já vi isso ser usado. No livro O Jogo das Contas de Vidro, do Hermann Hesse, a música parece ser o caminho que a história toma.

O desenvolvimento se dá como uma onda sonora que se propaga no ar e que encontra diferentes resistências em sua expansão.

Além disso, a música é um elemento de união entre os personagens, servindo, inclusive, como instrumento de meditação.

Outro romance é o Dr. Fausto - A vida do compositor alemão Adrian Leverkühn, do Thomas Mann. Nesse caso, a música é a pedra de toque para o desenrolar da narrativa.

O que há de comum nos dois romances (sei porque li o primeiro e o segundo porque me contaram), é a sensação de ouvir uma música que é tocada ao longo da leitura. No primeiro, na cena da meditação, a sensação é a de meditar e de ouvir e ver o som se movimentando. No segundo, a mesma sensação ocorre com as obras criadas pelo personagem Adrian Leverkühn; personagem este que faz o tal do pacto.

Agora, não sei se o que estou falando nasce de uma sugestão no leitor impressionado com o que lê ou se há uma composição por trás das frases.

De certa forma, a fala já tem a sua própria melodia. Talvez, a composição se direcionasse à prosódia? Que tal?

Por Astro Miau

Muito bacana JG, mas e os direitos autorais?

Eu estou lendo um livro que se chama O Rei Rato. E foi escrito para dar a impressão da batida de um genero da musica eletronica chamado Drum N Bass. Estou achando bacana, é New Weird. Só que como o próprio tradutor diz, as marcações das batidas ele trônicas nas palavras e virgulas se perderam bastante devido a tradução.

Certa vez, se não me engano foi na antiga N.E.B. do Orkut, eu concorri em um concurso interno de contos com uma música que havia feito há tempos. Com a "letra" da música, é claro... Mas com o posicionamento das estrofes e do refrão (repetidos), alguns dos comentários recebidos foram exatamente sobre a "musicalidade" daquelas frases. Independentemente do Tom da música, alguns disseram ser possível imaginar o ritmo, as batidas...
Portanto, talvez a métrica das frases, misturada com a sonoridade das palavras escolhidas, torne possível a "musicalização" da obra.
Mas... Isso é papo pra muitas rodadas de cerveja numa mesa de bar...!
(rs!)
Abrax,

Paz e Bem!

É mais ou menos por aí, Rick, usar o ritmo das frases de uma música conhecida para dar compasso a uma narrativa não necessariamente semelhante. Essa é a minha ideia. A ideia é que as pessoas que conheçam a música, ao lerem o texto, comecem espontaneamente a cantarolar.